
O primeiro passo foi dado: a partir de hoje, dia 1º de setembro, o Jornal do Brasil, que tem 119 anos de história, não circula mais em versão impressa. Para estrear a fase 100% digital, o presidente Lula assinou um artigo no diário intitulado “JB: Um novo desafio para um jornal desbravador”, em que destaca os desafios a serem enfrentados pelo jornal com a migração (confira o JB Digital).
“O grande segredo dessa aventura é encontrar a fórmula de financiamento adequada ao novo empreendimento e, ao mesmo tempo, estabelecer um vínculo de cumplicidade participativa dos leitores, consolidando uma relação de confiança e fidelidade”, comenta Lula. Como a experiência ainda é nova aqui no Brasil, o presidente prevê que o JB tenha dificuldades em “encontrar um formato que equilibre a agilidade e portabilidade das novas mídias digitais com a organização e ordenação hierárquica das informações”.
O JB foi o primeiro jornal brasileiro a ter conteúdo na internet e, agora, o primeiro a mudar de vez para a plataforma, o que Lula considera uma “fase de ousadia”. Para ele, “trata-se de um novo modelo de negócios, voltado para uma nova era da tecnologia e do conhecimento.”
Lula finaliza o artigo com a afirmação de que o Brasil precisa de bons jornais, sejam eles em papel ou em formato eletrônico. “O importante é que tenham qualidade e estejam comprometidos em levar a seus leitores boa informação e debate de ideias qualificado”, completa.
Leia a íntegra do artigo:
“JB: Um novo desafio para um jornal desbravador
Em mais de um século de existência, o Jornal do Brasil foi marcado por um histórico de inovações. Com poucos anos de fundação, teve a ousadia de lançar uma proposta editorial voltada para as reivindicações populares. Nos anos 1950, revolucionou a imprensa brasileira, com uma reforma editorial e gráfica que estabeleceu um novo paradigma, dando novos rumos a todos os jornais da época. Nos anos 1970, foi pioneiro na cobertura cotidiana do movimento sindical e das greves dos metalúrgicos do ABC paulista. E eu fui testemunha disso. Na última década do século passado, foi o primeiro jornal do país a publicar notícias na internet.
A partir de hoje, o JB inicia uma nova fase de ousadia. Torna-se o primeiro dos tradicionais periódicos brasileiros a abdicar da distribuição do jornal impresso. Continuará sendo publicado em formato digital, com noticiário acessível na internet mediante assinatura paga. Trata-se de um novo modelo de negócios, voltado para uma nova era da tecnologia e do conhecimento.
Como desbravador de um terreno ainda desconhecido pela imprensa brasileira, o Jornal do Brasil terá um imenso desafio pela frente: encontrar um formato que equilibre a agilidade e portabilidade das novas mídias digitais com a organização e ordenação hierárquica das informações e acontecimentos a serem compartilhados pelos cidadãos em suas relações sociais. Um formato que possa, simultaneamente, beneficiar-se de um custo de produção menor, mas que seja capaz de manter e superar o patamar de qualidade e credibilidade dos concorrentes impressos. O grande segredo dessa aventura é encontrar a fórmula de financiamento adequada ao novo empreendimento e, ao mesmo tempo, estabelecer um vínculo de cumplicidade participativa dos leitores, consolidando uma relação de confiança e fidelidade.
O jornalismo impresso está vivendo um momento de grande incerteza no mundo inteiro. Essa experiência estará sendo observada com muita atenção não só por acadêmicos, mas por proprietários e jornalistas de inúmeras publicações tradicionais do país e do exterior. Torço profundamente para que o Jornal do Brasil consiga encontrar o seu caminho e volte a ser uma publicação de referência mundial e de grande destaque na formação da opinião pública brasileira.
O Brasil precisa de bons jornais. Não importa se impressos ou em plataformas eletrônicas. O importante é que tenham qualidade e estejam comprometidos em levar a seus leitores boa informação e debate de ideias qualificado.”
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